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A nutrição tem sido usada há muito tempo como uma ferramenta por atletas para alimentar seus cérebros, ossos, músculos e

Eixo Intestino-Músculo

A nutrição tem sido usada há muito tempo como uma ferramenta por atletas para alimentar seus cérebros, ossos, músculos e sistema cardiovascular para promover o desempenho máximo. No entanto, avanços científicos recentes sugerem que a nutrição também pode influenciar o desempenho atlético através do intestino e dos trilhões de microrganismos que habitam esse ecossistema.

A microbiota intestinal medeia e modula muitos dos efeitos fisiológicos e está intimamente ligada à saúde. Uma microbiota não saudável (disbiose) está relacionada, principalmente pelo aumento do estado inflamatório, a um maior risco de doenças crônicas (incluindo obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares), doenças neurológicas e psiquiátricas, alergias, suscetibilidade à infecções e desregulação do sistema imune. No entanto, os atletas estão interessados não apenas em prevenir doenças, mas também em otimizar a saúde e o desempenho. 

Nesse sentido, temos a relação bidirecional entre intestino e músculo, que chamamos de eixo intestino-músculo. Assim como o exercício físico está relacionado à modulação da microbiota (O exercício regular é tipicamente benéfico à saúde intestinal, mas pode se tornar prejudicial com o aumento da intensidade e duração associado a nutrição inadequada, descanso insuficiente e desregulação antioxidante), a literatura científica apresenta robusta evidência de que a microbiota também pode influenciar a fisiologia muscular, resposta ao treinamento e recuperação.

Evidências sugerem que a microbiota intestinal contribui para a absorção e utilização de proteínas, bem como o anabolismo e a funcionalidade do músculo esquelético através da disponibilidade e armazenamento de nutrientes e modulação da inflamação. Por exemplo, a suplementação de probióticos demonstrou aumentar a biodisponibilidade de proteínas vegetais, diminuir a inflamação das células epiteliais, melhorar a absorção de nutrientes e produziu proteases que aumentam a absorção de aminoácidos em humanos. Esses efeitos podem reduzir o dano muscular e aumentar a recuperação muscular, melhorando assim a adaptação e o desempenho. Esses efeitos podem ser parcialmente regulados pela produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC; metabólitos benéficos de uma microbiota saudável), afetando a sensibilidade à insulina, inflamação e liberação de IGF-1, que modula o equilíbrio entre os processos anabólicos e catabólicos. Essa relação intestino-músculo é comprovada por estudos em animais e em humanos que mostram que a microbiota intestinal tem um papel no declínio da massa muscular relacionado à idade (ou seja, sarcopenia). 

Portanto, o eixo intestino-músculo pode mediar os efeitos positivos do exercício e da dieta no anabolismo muscular. Isso significa que devemos pensar não só em macro e micronutrientes, mas também em compostos funcionais, alimentos e hábitos saudáveis que estimulem o crescimento de bactérias benéficas no nosso intestino.

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