Como discutido anteriormente, as propriedades anabólicas menores das proteínas vegetais podem ser atribuídas a diferenças na absorção e digestão de
Melhorando o Potencial Anabólico das Proteínas Vegetais
Como discutido anteriormente, as propriedades anabólicas menores das proteínas vegetais podem ser atribuídas a diferenças na absorção e digestão de proteínas e/ou composição de aminoácidos. Nesse sentido, existem várias estratégias nutricionais que podem ser aplicadas para melhorar a qualidade das refeições vegetarianas/veganas, melhorando a capacidade hipertrófica.
PROCESSAMENTO
A capacidade de absorção de uma fonte de proteína vegetal é muitas vezes comprometida pela presença de fatores antinutricionais, como fibras e taninos polifenólicos. O processamento de alimentos integrais pode aumentar fortemente a capacidade de absorção da proteína. Por exemplo, a técnica de remolho, o descascamento e o cozimento do feijão podem melhorar a absorção proteica. Ainda, a extração de proteína e purificação de fatores antinutricionais para produzir um isolado ou concentrado (suplemento) de proteína derivada de vegetais melhora ainda mais a eficiência de digestão e absorção. O tratamento térmico e a hidrolisação da proteína são técnicas também usadas para esse fim.
CONSUMIR MAIS PROTEÍNA
As menores propriedades anabólicas de algumas proteínas vegetais podem ser atribuídas ao baixo teor de aminoácidos essenciais e/ou deficiências específicas de aminoácidos.
A maneira mais fácil de compensar a menor qualidade da proteína é simplesmente consumir uma quantidade maior da proteína de menor qualidade. Um estudo exemplifica e comprova isso:
Gorissen e colegas (2) estudaram 60 idosos saudáveis, que consumiram uma das quatro fontes de proteína em uma dose de 35 g: whey, caseína ou hidrolisado de proteína de trigo ou uma dose de 60 g de hidrolisado de proteína de trigo (uma quantidade que fornece quantidades equivalentes de leucina como na dose de 35 g de whey). O aumento pós-prandial da síntese proteica muscular foi similar entre a dose de 60g de proteína do trigo e a dose de 35g de whey.
No entanto, embora essa estratégia seja fácil de aplicar ao considerar o uso de um isolado ou concentrado de proteína vegetal, nem sempre pode ser prático ou viável ao considerar alimentos integrais. A menor densidade de proteína da maioria das fontes vegetais aumentaria muito o consumo calórico total e o volume alimentar.
O simples consumo de 20 g de proteína na forma de uma fonte de proteína vegetal já é um desafio, tanto do ponto de vista do volume do alimento quanto do conteúdo calórico. Isso é ainda mais difícil quando consideramos um paciente que tem dificuldades de ingestão no ambiente clínico, ou um atleta que precisa aderir a dietas restritivas de perda de peso. Por isso, os suplementos de proteínas vegetais são uma ótima opção para uma dieta vegetariana/vegana.
CONSUMIR DIFERENTES FONTES
Uma estratégia é combinar diferentes tipos e/ou fontes de proteínas para fornecer uma mistura de proteínas com um perfil de aminoácidos mais equilibrado. Enquanto algumas proteínas vegetais são particularmente deficientes em lisina, outras são deficientes em metionina. Por exemplo, milho, cânhamo, arroz integral, soja e proteína de ervilha têm baixo teor de lisina e/ou metionina. Para cada fonte de proteína, essa deficiência pode ser compensada pelo consumo de 2 a 4 vezes mais da mesma proteína. No entanto, a combinação de proteína de milho, cânhamo ou arroz integral (baixo teor de lisina e alto teor de metionina) com uma quantidade igual de proteína de soja ou ervilha (baixo teor de metionina e alto teor de lisina) fornece uma mistura com um perfil de aminoácidos mais equilibrado, com maior capacidade de promover a síntese proteica muscular.
SUPLEMENTAR OS AMINOÁCIDOS LIMITANTES
Se uma deficiência de aminoácidos específica for o fator limitante para o estímulo hipertrófico, uma opção alternativa seria fortificar a proteína com um ou mais aminoácidos específicos (livres). Como a leucina é considerada fundamental para a resposta de síntese proteica muscular pós-prandial, a fortificação com leucina livre pode representar uma estratégia viável, embora isso ainda não tenha sido testado para as fontes vegetais de proteína.
Além disso, como muitas proteínas vegetais são deficientes em lisina e/ou metionina, a suplementação com estes aminoácidos (dependendo da composição da refeição) pode ser interessante.
Pinckaers PJM, Trommelen J, Snijders T, van Loon LJC. The Anabolic Response to Plant-Based Protein Ingestion. Sports Med. 2021;51(Suppl 1):59-74. doi:10.1007/s40279-021-01540-8
Gorissen SH, Horstman AM, Franssen R, Crombag JJ, Langer H, Bierau J, et al. Ingestion of wheat protein increases in vivo muscle protein synthesis rates in healthy older men in a randomized trial. J Nutr. 2016. https://doi.org/10.3945/ jn.116.231340.
Kerksick CM, Jagim A, Hagele A, Jäger R. Plant Proteins and Exercise: What Role Can Plant Proteins Have in Promoting Adaptations to Exercise?. Nutrients. 2021;13(6):1962. Published 2021 Jun 7. doi:10.3390/nu13061962
Berrazaga I, Micard V, Gueugneau M, Walrand S. The Role of the Anabolic Properties of Plant- versus Animal-Based Protein Sources in Supporting Muscle Mass Maintenance: A Critical Review. Nutrients. 2019;11(8):1825. Published 2019 Aug 7. doi:10.3390/nu11081825
Rogerson D. Vegan diets: practical advice for athletes and exercisers. J Int Soc Sports Nutr. 2017;14:36. Published 2017 Sep 13. doi:10.1186/s12970-017-0192-9
Comentários