A resposta a uma prescrição de exercício é frequentemente descrita em termos gerais, com a suposição de que a média do grupo representa uma resposta típica para a maior
Genética e Responsividade ao Treinamento
A resposta a uma prescrição de exercício é frequentemente descrita em termos gerais, com a suposição de que a média do grupo representa uma resposta típica para a maioria dos indivíduos. Na realidade, porém, é mais comum que os indivíduos mostrem uma ampla gama de respostas a uma intervenção por causa da individualidade, existindo indivíduos “high-responders” (alta responsividade ao treinamento) e outros “low-responders” (pouco responsivos ao treinamento”). [1]
É necessário destacar que a responsividade é específica para o tipo de treinamento e o parâmetro avaliado. Portanto, considerando a performance no endurance, indivíduos que apresentam uma baixa resposta de treinamento em um parâmetro (por exemplo, VO2max) não necessariamente apresentam uma baixa resposta de treinamento em outros parâmetros (por exemplo, frequência cardíaca submáxima). Nesse sentido, entrando especificamente no campo da hipertrofia, temos que os indivíduos respondem diferentemente ao treinamento resistido (musculação) no que diz respeito ao acréscimo de massa muscular (hipertrofia).
E isso é comprovado pelas evidências empíricas (Tem pessoa que come pão com mortadela e treina 2 vezes por semana e tem um shape legal, enquanto a outra se mata de treinar e comer e ainda não apresenta um resultado satisfatório), quanto pelas evidências científicas. [2,3] Numerosos estudos sugerem que existem respostas hipertróficas diferentes após semanas a meses de treino estruturado. Especificamente, alterações divergentes na área de seção transversal da fibra muscular (fCSA), espessura do músculo e massa de tecido magro do corpo inteiro demonstraram ocorrer em respondedores altos versus baixos.
É certo que os fatores extrínsecos, como nutrição, volume de treino, tempo de recuperação e sono, ambiente influenciam na resposta muscular. E, nesse sentido, mesmo pessoas “sem genética” podem melhorar seu físico, mas não na mesma magnitude que indivíduos beneficiados geneticamente pelo criador.
Quanto aos fatores intrínsecos e genéticos, existem relatos humanos e em animais de vários laboratórios sugerindo que o grau de biogênese do ribossomo durante o treinamento está associado ao grau de hipertrofia. Outros fatores que foram estudados e podem contribuir para respostas hipertróficas diferenciais incluem: (a) uma capacidade aumentada para proliferação de células satélites e adição mionuclear mediada por células satélites, (b) padrões de expressão de miRNAs (c) quantidade de receptores de andrógeno no músculo esquelético e (d) a presença de certas variantes genômicas. No entanto, esses fatores devem ser investigados mais detalhadamente devido a alguns dos dados esparsos ou conflitantes nos estudos. Outros fatores intrínsecos especulados também podem estar relacionados às respostas hipertróficas diferenciais em resposta ao treinamento, como número de cópias de rDNA, matriz extracelular e propriedades do tecido conjuntivo, sinalização inflamatória, características mitocondriais e/ou características microvasculares. Veja a figura a seguir:
Roberts et. al, 2018
Por fim, pesquisas futuras nos mostrarão se esses pontos podem ser modulados por fatores extrínsecos, um tipo de “modulação genética”, o que seria de grande valia para a prática esportiva e possibilitaria uma prescrição ainda mais individual.
Mann, T. N., Lamberts, R. P., & Lambert, M. I. (2014). High Responders and Low Responders: Factors Associated with Individual Variation in Response to Standardized Training. Sports Medicine, 44(8), 1113–1124. doi:10.1007/s40279-014-0197-3
Bamman, M. M., Petrella, J. K., Kim, J. S., Mayhew, D. L., and Cross, J. M. (2007). Cluster analysis tests the importance of myogenic gene expression during myofiber hypertrophy in humans. J. Appl. Physiol. 102, 2232–2239. doi:10.1152/japplphysiol.00024.2007
Roberts MD, Haun CT, Mobley CB, et al. Physiological Differences Between Low Versus High Skeletal Muscle Hypertrophic Responders to Resistance Exercise Training: Current Perspectives and Future Research Directions. Front Physiol. 2018;9:834. Published 2018 Jul 4.
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