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Taurina: Efeitos no cérebro!

A taurina é um aminoácido não essencial (produzido pelo organismo) encontrado em abundância no cérebro, retina, coração e células dos órgãos reprodutivos, bem como em carnes e frutos do mar. Mas também é um ingrediente importante nas populares “bebidas energéticas”, que constituem assim uma importante fonte de suplementação de taurina. Infelizmente, pouco se sabe sobre os efeitos neuroendócrinos da taurina. 

Ação da taurina no cérebro

Ao contrário do que muitos pensam, a taurina não possui efeito estimulante.

Na verdade sua estrutura é análoga ao GABA, o principal neurotransmissor inibitório no cérebro. Sua inclusão na fórmula de bebidas “energéticas” se dá por ela agir como moduladora da excitabilidade dos neurônios, evitando que o excesso de estímulos deixe a pessoa muito ansiosa e agitada. Esse controle pode ser especialmente importante ao se lembrar que essas bebidas também contêm cafeína, essa sim uma substância que atua como estimulante cerebral.

Ainda, as empresas anunciam que a taurina é capaz de melhorar a função cognitiva, mas existem poucos estudos em humanos que examinam essa afirmação na ausência de fatores de confusão, como cafeína ou glicose. A maior evidência que temos é que a suplementação pode ser benéfica para pessoas idosas, já que com o envelhecimento, os níveis teciduais de taurina caem, e isto está relacionado também à piora da função cerebral. Mas também existem poucos estudos de intervenção em humanos a esse respeito. 

Antioxidante e neuroprotetor 

A principal ação da taurina é a defesa antioxidante, protegendo contra o estresse oxidativo em órgãos, incluindo o cérebro, onde cada vez mais parece ter efeitos neuroprotetores. A taurina celular também possui ações anti-inflamatórias. Um dos mecanismos propostos é a inibição da taurina do NF-kappa B, importante fator de transcrição para a síntese de citocinas pró-inflamatórias.

Por isso não é visto um efeito cognitivo em pessoas normais, somente um retardo de progressão da queda cognitiva (restauração da função cerebral) em pessoas idosas (que experimentam queda dos níveis de taurina concomitante ao aumento do estresse oxidativo) e em doenças neurodegenerativas. 

Portanto, a taurina não tem efeito estimulante, nem é capaz de melhorar a função cognitiva (ao menos em jovens saudáveis), porém ela pode modular a excitação cerebral e diminuir o estresse oxidativo, apresentando efeitos neuroprotetores. 

  1. Caine, J. J., & Geracioti, T. D. (2016). Taurine, energy drinks, and neuroendocrine effects. Cleveland Clinic journal of medicine, 83(12), 895–904. https://doi.org/10.3949/ccjm.83a.15050
  2. Chen, C., Xia, S., He, J., Lu, G., Xie, Z., & Han, H. (2019). Roles of taurine in cognitive function of physiology, pathologies and toxication. Life sciences, 231, 116584. https://doi.org/10.1016/j.lfs.2019.116584
  3. Tarragon, E., Calleja-Conde, J., Giné, E., Segovia-Rodríguez, L., Durán-González, P., & Echeverry-Alzate, V. (2021). Alcohol mixed with energy drinks: what about taurine?. Psychopharmacology, 238(1), 1–8. https://doi.org/10.1007/s00213-020-05705-7
  4. Childs E. (2014). Influence of energy drink ingredients on mood and cognitive performance. Nutrition reviews, 72 Suppl 1, 48–59. https://doi.org/10.1111/nure.12148
  5. Peacock, A., Martin, F. H., & Carr, A. (2013). Energy drink ingredients. Contribution of caffeine and taurine to performance outcomes. Appetite, 64, 1–4. https://doi.org/10.1016/j.appet.2012.12.021

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