O álcool é a droga recreativa mais usada no mundo, porém poucos sabem como se dá a sua absorção, metabolização e efeitos. Isso é interessante para saber como o álcool reage no nosso organ
Álcool: absorção, efeitos e metabolismo
O álcool é a droga recreativa mais usada no mundo, porém poucos sabem como se dá a sua absorção, metabolização e efeitos. Isso é interessante para saber como o álcool reage no nosso organismo e possibilita estratégias para controlar seus efeitos indesejados.
Os dados foram retirados do seguinte artigo, e tem muita coisa interessante.
1. Os efeitos do álcool podem variar de acordo com o percentual de gordura.
A concentração de equilíbrio de álcool em um tecido (órgão) depende do conteúdo relativo de água. O etanol é praticamente insolúvel em gorduras e óleos, embora, como a água, possa passar por membranas biológicas. Dessa forma, o etanol é distribuído do sangue em todos os tecidos e fluidos em proporção ao seu conteúdo de água.
Portanto, a mesma dose de álcool por unidade de peso pode produzir diferentes concentrações de álcool no sangue em diferentes indivíduos, devido às grandes variações nas proporções de gordura e água em seus corpos.
As mulheres geralmente têm um volume menor de distribuição de álcool do que homens por causa de sua maior porcentagem de gordura corporal. Sendo assim, apresentam níveis máximos de álcool no sangue mais elevados do que os homens quando recebem a mesma dose de álcool de gramas por quilograma de peso corporal, mas a diferença desaparece quando administrada a mesma dose por litro de água corporal.
Isso explica o motivo das mulheres serem mais “fracas” que os homens. Além de normalmente serem mais leves, a proporção dessa massa (mais gordura) favorece a alocação do álcool na corrente sanguínea. Essa maior concentração no sangue leva aos efeitos, principalmente a nível cerebral, mais rápido.
O metabolismo de primeira passagem do álcool pelo estômago, que pode ser maior nos homens, também pode contribuir para os níveis mais elevados de álcool no sangue encontrados nas mulheres.
Então é inviável dois seres, nas mesmas condições, porém de sexos distintos, apresentarem a mesma resposta à uma dose de álcool.
2. A taxa de absorção do álcool depende da alimentação
A absorção de álcool no duodeno e jejuno (intestino delgado) é mais rápida do que no estômago, portanto a taxa de esvaziamento gástrico é um importante determinante da taxa de absorção de álcool administrado por via oral.
A presença de comida no estômago retarda o esvaziamento gástrico e, portanto, refeições completas altas em gordura, carboidrato e proteína podem minimizar os efeitos da substância. Essa é uma estratégia muito conhecida pelos amantes da vida noturna que almejam aproveitá-la toda sem passar mal.
3. Quanto mais beber, em maior magnitude e mais rapidamente sentirá seus efeitos.
O álcool atravessa as membranas biológicas por difusão passiva. Portanto, quanto maior a concentração de álcool, maior será o gradiente de concentração resultante e mais rápida será a absorção.
É comum as pessoas “perderem a mão” na hora do consumo. Não as defendendo, porém imagine que uma dose pequena, a princípio, cause pouco efeito pois é lentamente absorvida e a quantidade é pequena. Então a pessoa se encontra tranquila para aumentar a dose. Quando aumentamos a dose, seus efeitos aumentam exponencialmente e não linearmente, justamente porque além da concentração ser maior, a transferência entre os tecidos corporais é mais rápida. Isso complica o controle.
Por causa dessa propriedade, temos outra implicação de seu consumo. Os níveis máximos de álcool no sangue são mais elevados se o etanol for ingerido em dose única, em vez de do que várias doses menores, provavelmente porque o gradiente de concentração de álcool é maior no primeiro caso. É mais fácil ficar bêbado com uma dose única de uma vez, do que doses espaçadas ao longo do tempo. Por isso é comum a sensibilidade à “shots” de destilados com concentração maior de álcool, enquanto com o consumo de cerveja, com goles aos poucos, normalmente é mais tolerado.
4. A dose é o que importa!
“Ah, eu fiquei louco porque misturei várias bebidas”.
Provavelmente não, meu amigo. É plausível que por misturar, você tenha ingerido uma quantidade maior de álcool em período mais curto.
Em geral, há pouca diferença na taxa de absorção da mesma dose de álcool
administrado na forma de diferentes bebidas alcoólicas (ou seja, a concentração de etanol no sangue não é significativamente influenciada pelo tipo de bebida alcoólica consumida).
É claro que pode-se passar mal por vários fatores (contaminação) e componentes presentes na bebida, mas se tratando especificamente da intoxicação por álcool, e efeitos no organismo, tem-se que a dose total é o determinante mais importante.
Espero que eu tenha esclarecido algumas dúvidas e desvendado alguns mitos sobre esse assunto tão importante e interessante! Nos vemos em breve…
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