Produtos para emagrecimento feitos de fontes naturais, como o chá verde, são populares entre indivíduos com excesso de peso que esperam que, por ser “natural”, seja mais seguro do que medicamentos prescritos e seja eficaz para ajudá-los a perder peso.

Embora seu papel na perda de peso não seja claro, o extrato de chá verde demonstrou aumentar tanto o gasto energético quanto a oxidação de gordura (1,2). 

As catequinas contidas no chá verde demonstraram in vitro inibir a enzima COMT, resultando em uma diminuição no metabolismo da norepinefrina (noradrenalina). Acredita-se que os níveis aumentados de norepinefrina resultantes sejam responsáveis ​​por um aumento no gasto energético e na oxidação de gorduras, o que pode levar à perda de peso. Além disso, resultados de vários estudos sugerem que o metabolismo da glicose pode ser melhorado com o consumo de catequinas. Juntamente com as catequinas, o chá verde também contém cafeína, que demonstrou aumentar o metabolismo energético de maneira dose-dependente. A Cafeína inibe a fosfodiesterase, resultando em estímulo do sistema nervoso simpático. Ainda, parece que a cafeína e as catequinas têm efeito sinérgico nesse quesito. 

Mas a pergunta que continua é: isso é significante a tal ponto de proporcionar um emagrecimento relevante?

E a resposta é: Não!

O aumento do gasto energético nos estudos com formulações de suplemento concentrado de chá verde (altas de catequinas e cafeína) fica em torno de somente 100 kcal/dia. Além disso, quando analisamos os estudos experimentais, a perda de peso é mínima, cerca de 1 kg ao longo de até 12 semanas de intervenção. (3,4)

Portanto, se considerarmos uma pessoa que não faz dieta nem exercício e coloca toda sua expectativa no chá verde, o efeito será desprezível, levando em conta a importância clínica e que os resultados também abrangem as variações normais de peso e o efeito diurético do chá. Além disso, estamos falando do consumo do chá e não de um composto concentrado.

Mas, por outro lado, pode ser uma boa intervenção para uma pessoa com uma dieta ajustada e que segue um estilo de vida saudável, principalmente por seus outros benefícios (antioxidante, anti inflamatório) e aspecto motivacional. Ou seja, um composto termogênico na dieta e a melhoria do aspecto visual pela perda de retenção pode favorecer o seguimento da dieta e animação da pessoa.

Além disso, devemos considerar a etnia da pessoa. Existe uma variação genética conhecida na COMT, enzima responsável pela metabolização da norepinefrina, que pode torná-la de alta ou baixa atividade. 

Os asiáticos são conhecidos por terem uma frequência maior de COMT de alta atividade, enquanto os caucasianos têm uma frequência maior de COMT de baixa atividade. Propõe-se então que os asiáticos, com a COMT de maior atividade, sejam mais sensíveis aos efeitos de inibição da COMT do chá verde do que os caucasianos, cuja COMT é de baixa atividade. E isso explica o motivo das meta-análises indicarem perda de peso mais acentuada nos asiáticos com a ingestão de chá verde. No entanto, o efeito do aumento do gasto energético e emagrecimento continua sendo modesto e não deve ser a base de uma prescrição para esse fim. (3)