Apesar de uma infinidade de estudos demonstrando segurança, ainda existe muita preocupação em torno das implicações clínicas do consumo de quantidades maiores de proteína, particularmente na saúde renal e
Consumir muita proteína faz mal?
Apesar de uma infinidade de estudos demonstrando segurança, ainda existe muita preocupação em torno das implicações clínicas do consumo de quantidades maiores de proteína, particularmente na saúde renal e hepática.
A maioria dessas preocupações decorre de pacientes com insuficiência renal e de dogmas educacionais que não foram reescritos, pois as evidências mostram o contrário. Certamente, está claro que as pessoas com insuficiência renal necessitam restringir o consumo de proteínas, mas estender essa fisiopatologia a indivíduos treinados e saudáveis que não estão clinicamente comprometidos é inapropriado.
As revisões publicadas sobre este tópico relatam consistentemente que um aumento na ingestão de proteína por atletas competitivos e indivíduos ativos não implica em dano hepato-renal [Martin, 2005; Poortmans, 2000]. A segurança é reforçada por um comentário que fez referência a relatórios recentes da Organização Mundial da Saúde, onde eles indicaram a falta de evidências que ligam uma dieta rica em proteínas à doença renal.
Mais recentemente, Antonio e seus colegas publicaram uma série de investigações que prescreveram quantidades extremamente altas de proteína (~3,4–4,4 g/kg/dia) e relataram consistentemente nenhum efeito prejudicial [5-8].
O primeiro estudo em 2014 teve indivíduos treinados consumindo uma dieta extremamente rica em proteínas (4,4 g/kg/dia) por oito semanas e não relatou nenhum resultado adverso. Outra investigação de acompanhamento exigiu que os participantes ingerissem até 3,4 g/kg/dia de proteína por oito semanas e não houveram alterações em nenhum dos parâmetros sanguíneos comumente usados para avaliar a saúde clínica (por exemplo, não houve efeito na função renal ou hepática). O próximo estudo empregou um desenho de estudo cruzado em doze homens saudáveis treinados, no qual cada participante foi testado antes e depois para composição corporal, bem como marcadores sanguíneos de saúde e desempenho. Em um bloco de oito semanas, os participantes seguiram sua dieta normal (habitual) (2,6 g/kg/dia) e no outro bloco de oito semanas, os participantes ingeriram mais de 3,0 g/kg/dia. Novamente, nenhuma alteração na composição corporal foi relatada e, mais importante, nenhum efeito colateral clínico foi observado durante o estudo. Finalmente, o mesmo grupo de pesquisadores publicou um estudo cruzado de um ano em quatorze homens saudáveis treinados, com ingestão média de 3g/kg de proteína. Esta investigação mostrou que o consumo crônico de uma dieta rica em proteínas (ou seja, por 1 ano) não teve efeitos nocivos na função renal ou hepática. Além disso, não houve alterações nos marcadores clínicos de metabolismo e lipídios no sangue.
Pontos-chave:
- Múltiplos artigos de revisão indicam que não existem evidências científicas controladas indicando que o aumento da ingestão de proteínas representa qualquer risco à saúde em indivíduos saudáveis que se exercitam.
- Declarações de grandes órgãos reguladores também indicaram que as preocupações com a saúde secundárias à ingestão de grandes quantidades de proteína são infundadas.
- Uma série de investigações controladas abrangendo até um ano de duração utilizando a ingestão de proteína de até 2,5–3,3 g/kg/dia em indivíduos saudáveis treinados indicam consistentemente que o aumento da ingestão de proteína não exerce efeito prejudicial sobre os lipídios do sangue ou marcadores de função renal e hepática.
Fouque D, Laville M. Low protein diets for chronic kidney disease in non diabetic adults. Cochrane Database Syst Rev. 2009;3:CD001892.
Martin WF, Armstrong LE, Rodriguez NR. Dietary protein intake and renal function. Nutr Metab (Lond). 2005;2:25.
Poortmans JR, Dellalieux O. Do regular high protein diets have potential health risks on kidney function in athletes? Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2000;10:28–38.
World Health Organization, Technical report series 935. Protein and amino acid requirements in human nutrition: report of a joint fao/who/uni expert consultation. 2011.
Antonio J, Ellerbroek A, Silver T, Orris S, Scheiner M, Gonzalez A, et al. A high protein diet (3.4 g/kg/d) combined with a heavy resistance training program improves body composition in healthy trained men and women–a follow-up investigation. J Int Soc Sports Nutr. 2015;12:39.
Antonio J, Ellerbroek A, Silver T, Vargas L, Peacock C. The effects of a high protein diet on indices of health and body composition–a crossover trial in resistance-trained men. J Int Soc Sports Nutr. 2016;13:3.
Antonio J, Ellerbroek A, Silver T, Vargas L, Tamayo A, Buehn R, et al. A high protein diet has no harmful effects: a one-year crossover study in resistancetrained males. J Nutr Metab. 2016;2016:9104792.
Antonio J, Peacock CA, Ellerbroek A, Fromhoff B, Silver T. The effects of consuming a high protein diet (4.4 g/kg/d) on body composition in resistance-trained individuals. J Int Soc Sports Nutr. 2014;11:19.
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