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Dieta Cetogênica para Exercícios de Resistência

Como exercícios de endurance de longa duração são alimentados principalmente pela oxidação de gordura, existe a crença de que seriam mais bem servidos por alimentações ou adaptações que favorecem isso, em vez de uma dieta alta em carboidrato (CHO).

O benefício teórico da dieta cetogênica para o desempenho atlético é frequentemente atribuído a taxas mais altas de oxidação de ácidos graxos que ocorrem neste estado, melhor metabolismo oxidativo e menor uso de glicogênio muscular. No entanto, o que devemos analisar de fato é se o desfecho é a melhoria de desempenho, e os resultados dos estudos sugerem que não há benefícios da adoção de tal estratégia (com performance igual ou inferior se comparado à uma dieta alta em CHO). (1-4)

Além disso, para que essa estratégia (teoricamente) produza benefícios, a intensidade do exercício deve ser baixa. No entanto, mesmo em eventos mais longos (por exemplo, triatlo Ironman, corridas de ciclismo), as características táticas, de terreno e de ritmo requerem fases de explosão acima da velocidade crítica. Essas fases (por exemplo, em separações, subidas de colinas, ondas, finalizações de sprint) fazem uma pequena contribuição para os custos gerais de energia, no entanto ainda são críticas para o resultado, e dependem do fornecimento rápido de energia (*Carboidratos; glicogênio).

Somando-se às evidências, nos últimos 60 anos,  todas as diretrizes nutricionais esportivas têm se concentrado em estratégias para aproveitar da melhor forma o glicogênio muscular (Burke et al. 2018; Thomas et al., 2016), através da alta disponibilidade de carboidratos. Essa abordagem aumenta o desempenho na medida que aumenta o recrutamento motor, ritmo e percepção de esforço. (1-5)

Portanto, considerando todos esses fatores, ainda são necessários mais estudos para comprovar os supostos benefícios de uma dieta cetogênica (e o tempo necessário de cetoadaptação) (3,4), enquanto a recomendação prática continua sendo uma ingestão suficiente de carboidratos para indivíduos fisicamente ativos, quantidade que será definida com base na duração, tipo e nível de treinamento. (veja aqui as recomendações !!)

  1. Burke LM, Ross ML, Garvican-Lewis LA, Welvaert M, Heikura IA, Forbes SG, Mirtschin JG, Cato LE, Strobel N, Sharma AP, Hawley JA. Low carbohydrate, high fat diet impairs exercise economy and negates the performance benefit from intensified training in elite race walkers. J Physiol. 2017 May 1;595(9):2785-2807. 
  2. Burke LM. Ketogenic low-CHO, high-fat diet: the future of elite endurance sport? J Physiol. 2021 Feb;599(3):819-843.
  3.  Cao J, Lei S, Wang X, Cheng S. The Effect of a Ketogenic Low-Carbohydrate, High-Fat Diet on Aerobic Capacity and Exercise Performance in Endurance Athletes: A Systematic Review and Meta-Analysis. Nutrients. 2021 Aug 23;13(8):2896.
  4. Murphy, N. E., Carrigan, C. T., & Margolis, L. M. (2021). High-fat ketogenic diets and physical performance: A systematic review. Advances in Nutrition, 12(1), 223-233.
  5. Thomas, D. T., Erdman, K. A., & Burke, L. M. (2016). Position of the Academy of Nutrition and Dietetics, Dietitians of Canada, and the American College of Sports Medicine: Nutrition and Athletic Performance. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, 116(3), 501–528.

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