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Sabe-se que a perda de peso é acompanhada por várias adaptações fisiológicas em ambos os lados da equação do balanço energético, 

O que é Termogênese Adaptativa?

Sabe-se que a perda de peso é acompanhada por várias adaptações fisiológicas em ambos os lados da equação do balanço energético, com um impulso maior para comer (aumento da fome e apetite), e um gasto energético total significativamente reduzido. Essas mudanças têm sido conhecidas como “mecanismos compensatórios”, e propostas como as principais causas de dificuldade de manutenção do peso perdido durante uma dieta. (3)

Durante o emagrecimento, seu corpo passa a gastar menos energia por vários motivos:

  1. Perda de Tecido: mudanças na composição corporal [isto é, massa gorda (FM) e massa livre de gordura (FFM)] explicam uma grande proporção da diminuição de gasto energético (só pelo fato de perder peso, você também está perdendo tecido ativo, que estava gastando energia no seu corpo). 
  2. Termogênese induzida pela dieta: são calorias gastas para metabolizar o alimento; Se está entrando menos alimento, menor vai ser o gasto.
  3. Custo de energia da atividade física: quando ocorre grande perda de peso, isso pode fazer com que a mesma atividade demande menos calorias para ser feita.

A termogênese adaptativa (TA), por sua vez, representa uma diminuição maior do que o previsto no gasto energético de repouso além do que seria previsto a partir da perda de tecido (FM e FFM) que ocorre durante o emagrecimento. Dessa forma, TA refere-se à mudança da taxa metabólica das células (por alterações nos hormônios tireoidianos, leptina e sistema nervoso simpático), desconsiderando a queda já prevista pela perda de peso. (2)

Vamos exemplificar com números (irreais) para ficar mais claro:

 Alguém com 80 kg gasta em repouso 1800 kcal por dia. Com o emagrecimento de 10 kg, este gasto seria previsto para 1700 kcal. Porém, com a termogênese adaptativa, esse gasto cai ainda mais, para 1600 kcal.

A termogênese adaptativa é significativa? 

Não, é uma ilusão, e só está presente quando em déficit calórico e são muito pouco significativas. (Ou seja, quando a pessoa passa para a fase de manutenção do peso perdido, a taxa metabólica normal das nossas células é recuperada).

É o que diz nesse estudo, onde os pacientes emagreceram 14 g em 8 semanas e depois entraram em fase de manutenção, e voltaram a consumir mais calorias. Na semana 9, com dieta hipocalórica, a termogênese adaptativa (diferença entre o valor previsto e medido de taxa metabólica) foi estatisticamente significativa, porém improvável que clinicamente significativa (em torno de – 100 kcal). Depois disso, na semana 13 e após 1 ano, não houve diferença, mesmo não reganhando todo peso perdido (- 7 kcal).

Outros estudos também chegam às mesmas conclusões. (6,7,8)

Portanto, nem a termogênese adaptativa nem a queda do metabolismo são capazes de interromper o emagrecimento quando a dieta foi planejada de forma adequada e com um déficit considerável. Para entender o porquê acontece a estagnação ou platô no emagrecimento clique aqui. 

  1. Hall KD, Sacks G, Chandramohan D, Chow CC, Wang YC, Gortmaker SL, Swinburn BA. Quantification of the effect of energy imbalance on bodyweight. Lancet. 2011 Aug 27;378(9793):826-37. doi: 10.1016/S0140-6736(11)60812-X. PMID: 21872751; PMCID: PMC3880593.
  2. Dulloo AG, Schutz Y. Adaptive Thermogenesis in Resistance to Obesity Therapies: Issues in Quantifying Thrifty Energy Expenditure Phenotypes in Humans. Curr Obes Rep. 2015 Jun;4(2):230-40. doi: 10.1007/s13679-015-0156-9. PMID: 26627218.
  3. Martins, C., Dutton, G. R., Hunter, G. R., & Gower, B. A. (2020). Revisiting the Compensatory Theory as an explanatory model for relapse in obesity management. The American Journal of Clinical Nutrition. doi:10.1093/ajcn/nqaa243 Purcell K, Sumithran P, Prendergast LA, Bouniu CJ, Delbridge E, Proietto J. The effect of rate of weight loss on long-term weight management: a randomised controlled trial. Lancet Diabetes Endocrinol 2014;2(12):954–62
  4. World Health Organization. Obesity and overweight [Internet]. Available from: https://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight2018
  5. Martins, C., Roekenes, J., Salamati, S., Gower, B. A., & Hunter, G. R. (2020). Metabolic adaptation is an illusion, only present when participants are in negative energy balance. The American Journal of Clinical Nutrition. doi:10.1093/ajcn/nqaa220
  6. Camps, S. G., Verhoef, S. P., & Westerterp, K. R. (2013). Weight loss, weight maintenance, and adaptive thermogenesis. The American Journal of Clinical Nutrition, 97(5), 990–994. doi:10.3945/ajcn.112.050310 
  7. Nymo, S., Coutinho, S. R., Torgersen, L.-C. H., Bomo, O. J., Haugvaldstad, I., Truby, H., … Martins, C. (2018). Timeline of changes in adaptive physiological responses, at the level of energy expenditure, with progressive weight loss. British Journal of Nutrition, 120(02), 141–149. doi:10.1017/s0007114518000922 
  8. Martins, C., Gower, B. A., Hill, J. O., & Hunter, G. R. (2020). Metabolic adaptation is not a major barrier to weight-loss maintenance. The American Journal of Clinical Nutrition. doi:10.1093/ajcn/nqaa086 
  9. Martins, C., Dutton, G. R., Hunter, G. R., & Gower, B. A. (2020). Revisiting the Compensatory Theory as an explanatory model for relapse in obesity management. The American Journal of Clinical Nutrition. doi:10.1093/ajcn/nqaa243 

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