Teacrine é um ingrediente natural presente principalmente na planta do chá kucha (Camellia assamica var. kucha) mas também em algumas espécies de cafés e frutas, que apresenta estrutura semelhante à cafeína e teobromina (encontrada no chocolate). Em pesquisas preliminares com células, animais e humanos, foi capaz de exercer resultados favoráveis relacionados à ativação neuromotora, analgesia e efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes. (1) 

Existe um grande interesse em encontrar ingredientes substitutos à cafeína que possam melhorar com segurança a energia, foco, concentração e atenção sem aumentar os eventos adversos (por exemplo, ansiedade, náusea, habituação). Teacrine é um candidato muito forte, que atua de forma similar à cafeína na modulação dos receptores de adenosina no cérebro, mas atualmente existem poucos estudos em humanos disponíveis na literatura científica (Kuhman et al., 2015; Taylor et al., 2016; Ziegenfuss et al., 2016).

Enquanto alguns estudos mostram efeitos significativos na energia (maior), fadiga (menor), concentração (maior) e humor (melhor) (2,3), este não é um resultado unânime (4,5). 

Então, no que diz respeito a seus efeitos estimulantes e cognitivos, podemos nos referir a Teacrine, até o momento, como um composto promissor, principalmente quando associado à cafeína. Isso porque são necessários mais estudos, principalmente para definir exatamente qual a dose ótima e em que situação é melhor aproveitada. 

Além disso, parece que a Teacrine exerce sua eficácia por meio de mecanismos neurofisiológicos centrais (SNC), que não exercem superestimulação simpatomimética ou alteram marcadores clínicos (frequência cardíaca, pressão arterial, perfis lipídicos, hemogramas hematológicos, biomarcadores de fígado/rim/função imunológica). Ainda, ao contrário da cafeína, a teacrine não causa tolerância ou habituação. Ou seja, seu organismo não se adapta ao consumo, o que poderia implicar necessidade de uma dose mais alta com o tempo de uso. (1,4)

Portanto, é uma substância válida e segura que pode ser testada individualmente para avaliação dos efeitos. 

DOSE

A dose efetiva para os efeitos citados está em torno de 200 mg, principalmente quando associada a uma dose baixa de cafeína (até 150 mg). Essa associação, além de levar em consideração o mecanismo de ação similar das duas substâncias e aumento do efeito desejado, também tem a ver com a melhor biodisponibilidade da teacrine (aumento da exposição, concentração plasmática) quando a cafeína é coadministrada. Ou seja, existe interação farmacocinética (10). 

Com relação à toxicidade, estudos em humanos já provaram a segurança da ingestão de até 300mg/dia durante 8 semanas de uso contínuo, enquanto os estudos em ratos mostram que a dose relativa tóxica é bem mais alta que isso. 

PERFORMANCE FÍSICA

Nós sabemos que a cafeína é um dos 5 suplementos com maior evidência para a melhora do desempenho esportivo. Nesse sentido, será que a teacrine também é efetiva?

Até o momento, apenas três estudos na literatura avaliaram de forma aguda os efeitos da teacrine no desempenho físico, sendo um avaliando os efeitos da suplementação na força, potência e resistência muscular na musculação (7), um sobre os efeitos no desempenho aeróbico (especificamente no futebol) (5) e o último avaliando a suplementação em exercícios aeróbicos e anaeróbicos (8). Além disso, existe outro estudo que avaliou os efeitos crônicos do teacrine sobre desempenho físico (9).

Infelizmente, os resultados de todos são desanimadores. Portanto, até o momento, a teacrine não tem efeito similar à cafeína na melhora do desempenho físico, sejam atividades aeróbicas ou anaeróbicas.